quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Resenha: Amor em segunda mão – Patrícia Reis


Amor em segunda mão – Patrícia Reis
Como não adorar essa capa?
Editora Língua Geral – Coleção Ponta de Lança, 2006.

O livro de Patrícia Reis, jornalista e escritora portuguesa, me caiu em mãos por acaso e sorte. Estava eu, numa chuvosa antevéspera de feriado, a caminhar pela Avenida Paulista, quando me deparo com uma banca de jornal repleta de livros em sua porta. Curiosa que sou, dei uma esticada de pescoço para olhar os títulos e percebo que havia uma pilha com livros muito coloridos, sendo vendidos a R$10,00 cada. Não parei de imediato, tinha algum outro compromisso que não me recordo agora. Na volta, parei para olhar e, para minha surpresa, noto que são diversos livros da Editora Língua Geral, editora que eu vira a Denise Mercedes e a Juliana Gervason comentando havia poucos dias.

Com o coração disparado, desvendei aos poucos a pilha de livros coloridos com capas encantadoras. Dentre os diversos títulos, dois me chamaram a atenção: Réquiem para o navegador solitário (por motivos que expliquei aqui) e Amor em segunda mão. Apaixonei-me pela capa deste, pois além de ser roxa – e eu amo roxo; tanto que até ignorei que os demais tons do livro são em rosa – ela possui um elástico na capa, fazendo o exemplar fechar como uma agenda ou um Moleskine.

Amor em segunda mão foi o último livro que li em 2012; se não me engano conclui a leitura no início de dezembro e, depois disso, não consegui mais fazer nenhuma leitura completa. Faz parte do grupo de autores que eu nunca tinha ouvido falar, mas que, após conhecê-los, mal posso esperar para ler mais coisas deles.

É um pouquinho complicado resumir a história, mas vamos lá. O narrador alterna o foco entre onze personagens, narrando suas aventuras e desventuras na vida e, principalmente, no amor. Amor afetivo, amor romântico e até mesmo o mero desejo sexual; esses são apenas alguns dos temas abordados pelo livro. A narrativa inteira parece se centrar em Júlia, uma mulher com espírito independente, casada e com dois filhos. Ela parece viver o relacionamento perfeito, mas, conforme nos aprofundamos na leitura, percebemos que não é bem assim. Todos os demais personagens estão conectados a Júlia de algum modo. São amigos, colegas de trabalho, seus próprios filhos ou mesmo conhecidos que aos poucos tomam mais alguma importância no livro.

Fica difícil falar mais sobre o livro sem dar spoilers. Apesar do tema simples, o amor, seus prazeres e desventuras, Patrícia Reis foi muito perspicaz ao distribuir o foco narrativo entre onze personagens. Apesar de, para compreender direitinho quem era quem na história, ter sido necessário marcar os nomes num post-it e fazer diversas ligações entre personagens, essa forma trouxe uma leveza para a história, o que, por consequência, nos faz ler muito rápido. Sinto que devorei esse livro! Gostei da forma como os personagens foram trabalhados; eles são verossímeis, podemos nos deparar a qualquer momento com pessoas como as que Patrícia Reis descreve. Para mim esse é um ponto positivo, pois gosto de histórias que poderiam acontecer, com personagens que poderiam existir.

Apenas tenho um ponto “negativo” a destacar: não consegui gostar do capítulo Dois anos antes. Achei a digressão desnecessária, além de quebrar o ritmo da narrativa sem propósito aparente. Lembrando que esse é o meu ponto de vista, logo, não levem o que digo ao pé da letra. Leiam e confiram por si mesmos.

O que dizer da edição? A Editora Língua Geral, a cada livro que adquiro, mostra que sabe fazer um trabalho de qualidade, sem ser abusivo com os preços – ou sendo menos abusivo que certas editoras que vendem a preço de ouro livros com encadernação à cola. O responsável pela coordenação geral e pelo texto da orelha do livro foi José Eduardo Agualusa, o que faria a Juliana Gervason pular de felicidade. O exemplar é de 2006, logo, nada de correções seguindo o chamado Novo Acordo Ortográfico. Todos os “óptimos” estão ali, com seu p intacto, o que, para mim, é uma gracinha.

Amor em segunda mão é um livro recomendado para todos que acreditam que o amor é um sentimento dinâmico e que é mais do que possível vivê-lo mais de uma vez, de formas inteiramente diferentes, em detrimento do que todos os clássicos contos de fadas enfiaram em nossas cabeças.

3 comentários:

  1. Ler o livro fazendo anotações em Post-its? uooow... dá uma preguiça fazer isso, mas é uma boa ideia, principalmente para entender algumas palavras que eu leio, não conheço e tenho preguiça de pegar o dicionário pq o sofá esta confortável e quero saber logo o que acontece no parágrafo seguinte.
    ...ah, e a "paulista" é o melhor lugar da cidade para tudo!

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    1. Preciso fazer mais isso: ler e anotar em post-its x)
      Obrigada mesmo pela visita! Volte mais vezes.
      Beijos!

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  2. Oi, Camila!
    Acabei de ler esse livro e encontrei sua resenha, gostei :)
    Se tiver oportunidade, leia "Morder-te o coração", me encantou mais e é igualmente lindo, da mesma coleção da língua geral.

    um abraço,
    Pipa

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